segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Biomecânica aplicada ao futebol - Copa do Mundo de Futebol de 2018: Lesão de 5º metatarso no futebol


Lesão de 5º metatarso no futebol. O que a biomecânica tem a ver com isso?

Felipe P Carpes, Ph.D.

“É copa do mundo amigo.”
Estamos cansados de ouvir esse jargão, não é? Assim como estamos cansados de saber que o esporte de alto rendimento exige muito da estrutura física e mental de atletas. Em época de copa do mundo se fala muito disso no futebol, mas sabemos que esses fatores estão presentes em vários esportes. No futebol são diversos os fatores de risco para lesões. As lesões mais comuns e que talvez possam ser mais facilmente explicadas por comentaristas esportivos são as lesões musculares. Contudo, existem outras lesões que requerem atenção de atletas, treinadores, fisioterapeutas e médicos. Uma delas é a lesão do 5º metatarso. Essa lesão está associada com uma fratura resultante de estresse. Com um grande volume de corrida em alta velocidade, frenagens, mudanças de direção e saltos e aterrissagens, a região dos pés recebe cargas mecânicas muito altas. Há muitos conhecidos que sofreram com essa lesão nos últimos anos. Ela não é uma lesão tão comum, mas possui um efeito muito importante (quase tirou um dos principais jogadores brasileiros da copa da Rússia).

De olho nesse tema, e considerando nossos estudos sobre a função dos pés na marcha e postura, algum tempo atrás avaliamos padrões de pressão plantar em uma equipe de futebol formada por jovens atletas, com idade média de 14 anos. Também avaliamos um grupo de não atletas para comparação. Os resultados da primeira fase do estudo foram publicados (Link do artigo) e mostraram que numa tarefa postural onde eles precisavam apenas sustentar o peso do próprio corpo, os garotos que eram atletas de futebol apresentavam maior pressão em algumas regiões do pé, especialmente a região do 5º metatarso. Esse resultado nos intrigou, pois pode sugerir que esses jovens experimentem mais pressão sobre uma região do pé do que se espera para a idade eles. E mais, essa pressão se mostrou assimétrica, sendo maior na perna não preferida, geralmente associada como sendo a perna de “apoio” na maior parte das ações motoras do futebol, especialmente o chute.

Na segunda fase do nosso estudo (Link da dissertação), com resultados submetidos para publicação em um periódico da área, investigamos se esses mesmos garotos jovens atletas mostram esses padrões alterados de pressão plantar em ações dinâmicas, como correr, frear, mudar de direção e saltar. Os resultados mostram que sim, pois em comparação com um grupo que não treina futebol, a distribuição de pressão sobrecarrega a região do 5º metatarso desses garotos. Sendo assim, podemos pensar que as lesões na fase adulta estejam associadas com alterações mecânicas que começam muito cedo.

Tem como mudar isso para diminuir o risco de uma lesão? Talvez sim. Seria bastante interessante desenvolver um protocolo de treinamento dos músculos dos pés para verificar se o fortalecimento deles pode ajudar a melhorar a dinâmica dos movimentos de forma a melhor distribuir as cargas e com isso reduzir uma carga cumulativa nessa região que reconhecidamente é lesionada em futebolistas. E aí, comente qual sua opinião sobre essas ideias!

Nenhum comentário:

Postar um comentário