Os jogos olímpicos iniciarem com uma bela cerimônia de
abertura e seguem encantando o mundo com recordes olímpicos decorrente do
desempenho de atletas altamente preparados. Para o Brasil, é uma oportunidade
única de poder assistir a uma modalidade esportiva com o qual o Brasil possui
pouca afinidade. Por mais incrível que pareça, o ciclismo é um esporte no qual
o Brasil possui limitada expressão, para ser generoso. Na América Latina,
certamente a Colômbia é o maior berço de atletas de elite no ciclismo.
É comum pensarmos nas provas de estrada do ciclismo, em
função de competições tradicionais como o Tour de France. No entanto, o
ciclismo olímpico possui quatro modalidades: estrada, pista, mountain bike e BMX. As provas de
estrada são as mais tradicionais, enquanto o mountain bike foi introduzido nos jogos de Atlanta (1996) e o BMX
está debutando no Rio. Cada modalidade possui uma série de provas com
características distintas. No caso das provas de estrada, a etapa de
resistência envolveu um percurso de 254,6 km no qual os ciclistas largam juntos
e aquele que chegasse primeiro ganharia a medalha de ouro. Já a prova de
contrarrelógio envolveu um percurso de quase 60 km no qual cada atleta realizou
a largada isoladamente e levou o ouro o ciclista que percorreu o percurso no
menor tempo. Desta forma, na prova de contrarrelógio o ciclismo não pode se
beneficiar da “carona” oferecida pela pedalada no “pelotão”.
Tive a feliz oportunidade de assistir in loco a largada e
a chegada da prova de resistência do ciclismo de estrada (fotos abaixo).
Largada da prova de resistência do ciclismo de estrada |
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Esta prova, assim como a prova de resistência do ciclismo
feminino ficaram marcadas pelas quedas (literalmente!) de líderes, como Vicenzo
Níbali (para os homens) e da ciclista Annemiek van Vleuten. Muito foi comentado
sobre a periculosidade do percurso, o qual envolvia descidas sinuosas
realizadas em alta velocidade. Com isto, era esperado que alguns atletas
pudessem ter dificuldades nesta parte do percurso. Ambas as provas contaram com
muita emoção até o final, principalmente na prova feminina quando a ciclista
Fernanda Oliveira obteve a melhor marca brasileira na história das olimpíadas
com o 7° lugar a 40s da vencedora. Certamente o Brasil sai dos jogos com um
resultado excelente para o ciclismo, visto o baixo investimento realizado neste
esporte.
Falando
um pouco de ciência, o ciclismo é um esporte que envolve a ação coordenada
cíclica de múltiplos músculos dos membros inferiores afim de gerar propulsão, e
dos membros superiores e do tronco gerando a estabilidade necessária para que o
ciclista consiga permanecer em uma posição fletida sobre a bicicleta por seis
horas ou mais. A relação entre a produção de força e o elevado número de
repetições (maior do que 90 por minuto na maior parte da prova) implica em uma
combinação ótima das propriedades força-comprimento-velocidade dos músculos
esqueléticos. Cada vez mais, a ciência vem contribuindo para se atingir melhores
índices nestas provas. Esta aplicação dos conhecimentos da fisiologia muscular
tem sido cada vez mais utilizada nos programas de treinamento com o intuito de
ofertar estímulos efetivos para que os ciclistas possam melhorar o seu
desempenho. Há ainda muitos aspectos do gesto mecânico do ciclismo que são
passíveis de discussão na literatura e entre os técnicos e atletas de ciclismo.
Esperamos que o resultado da Fernanda Oliveira auxilie no incentivo a este
esporte altamente técnico e complexo no Brasil.
Dr. Rodrigo Bini
Escola de Educação Física do Exército
Escola de Educação Física do Exército
Membro do Grupo de Estudo e
Pesquisa em Ciclismo
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