Nestes
dias ocorrem no Rio os Jogos Paralímpicos de 2016. Os Jogos Paralímpicos trazem
para nós sentimentos mistos. Sentimentos de emoção e admiração por atletas que
superam dificuldades as quais muitos de nós não imaginam ser possíveis de
suportar, e sentimentos de indignação, como no caso de atletas que têm suas
histórias de superação reveladas tendo como plano de fundo um acidente
automobilístico, um atropelamento. Mas uma coisa que a vida nos ensina é que
devemos valorizar a coisas boas, e as coisas ruins devem ser deixadas de lado.
Devemos celebrar o que é bom. Um dos esportes mais emocionantes nos jogos
paralímpicos é o ciclismo. Quanta força, quanta potência, e quanto controle de
movimentos esses atletas mostram. Inicialmente apenas atletas com deficiência
visual participavam do ciclismo paralímpico. Em 1984, atletas com paralisia
cerebral e amputados foram incluídos e em 1988 o ciclismo paralímpico de
estrada foi incluído no programa oficial, embora a classificação em categorias
tenha sido estabelecida apenas em 1996. Provas no velódromo foram incluídas em
2000, assim como handcycling, ou ciclismo para cadeirantes. O ciclismo
paralímpico exigiu algumas adaptações nas regras da UCI, com o uso de
triciclos, bicicletas para duas pessoas e o uso das mãos para a propulsão da
bicicleta. A produção científica no ciclismo paralímpico é insipiente. No
medline, a busca por esses temas revela apenas 8 estudos, o que é ampliado se
usarmos termos como handcycling e outros. Os estudos, até pouco tempo atrás,
tinham um foco muito forte em desenvolver tecnologias que permitissem aos
atletas a prática. Com o avanço tecnológico muito relacionado com esses
estudos, hoje temos mais e mais grupos investigando aspectos de desempenho e
treinamento desses atletas. Nestes jogos, o ciclismo paralímpico tem atletas
com idade desde 18 até 58 anos. A maioria dos atletas é do sexo masculino, e a
faixa etária com o maior número de atletas é a dos 30 aos 40 anos, seguido da
faixa com atletas de 40 anos de idade ou mais. O Brasil está representado no
paraciclismo de estrada por três atletas: Jady Malavazzi, Lauro Chaman e
Soelito Gohr. Jady compete desde 2011 (tem 20 anos), e foi um acidente de carro
que aos 12 anos mudou toda a sua vida fazendo com que elas perdesse os
movimentos das pernas. Lauro Chaman, que tem uma deficiência na perna esquerda,
produz cerca de 30% de força a menos naquela perna, o que não impede ele de
competir em grandes provas e obter grandes resultados. Soelito sofreu um
acidente enquanto treinava e ficou com limitações nos movimentos do braço
esquerdo e por isso compete em uma bicicleta adaptada. Alguns destes também
competirão nos eventos de pista (velódromo), onde temos outros representantes
em outras categorias. Vamos ficar na torcida para que nossos atletas consigam
atingir na Rio2016 os excelentes resultados que vêm alcançando nas competições
nacionais e internacionais que participam!
Prof. Dr. Felipe Carpes
Professor
Universidade Federal do Pampa
Presidente
da Sociedade Brasileira de Biomecânica
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