segunda-feira, 2 de julho de 2018

Biomecânica aplicada ao futebol - Copa do Mundo de Futebol de 2018 - O que nossas crianças e jovens podem e devem aprender sobre "Biomecânica do Esporte " assistindo aos jogos?

Copa do Mundo de Futebol de 2018 - O que nossas crianças e jovens podem e devem aprender sobre "Biomecânica do Esporte " assistindo aos jogos?

      A Ciência do Esporte nos explica que a cultura corporal, no nosso caso, o futebol, em especial a Copa do Mundo de Futebol, é uma construção social e histórica, desenvolvidas em dados modos de produção da vida, em especial no capitalismo, transmitida pedagogicamente de uma geração para outra. Dentro da Ciência do Esporte encontramos a Biomecânica do Esporte e do Exercício Físico (McGINNIS, Peter. Biomecânica do Esporte e do Exercício Físico. Revisão Técnica: Jefferson Fagundes Loss. 3. Ed. Porto Alegre. Artmed.  2015), que avalia, em especial, duas dimensões do movimentar-se humano. Uma dela diz respeito às forças que atuam no corpo humano, forças que não podem ser visualizadas de imediato, mas, sim, os seus efeitos podem ser observados. A esta dimensão denominamos cinética. A outra dimensão é a cinemática, que leva em conta as características do movimento e o examina a partir de uma perspectiva espacial e temporal, sem referencia as forças causadoras do movimento. Compreender que a cultura corporal, em especial o futebol, é um fenômeno carregado de sentidos pessoais e de significados sociais, e que exige de cada jogador, um conjunto de forças geradas, durante o movimento humano, é muito importante para elevar a capacidade teórica e o padrão cultural de crianças e jovens.  




      Do ponto de vista da Biomecânica Aplicada ao Esporte, as forças que atuam para que um movimento ocorra, são importantes por, também, serem responsáveis pela criação de todos os nossos movimentos e pela manutenção das posições e posturas quando estamos estáticos, parados, sem movimento. Compreender o fenômeno social mais geral, a Copa do Mundo de Futebol, implica em conhecer a particularidade do futebol. Mas, é mais que isto, exige compreensão da singularidade de cada atleta.  E neste sentido a escola, o currículo escolar e seu objeto de estudo, a cultura corporal é fundamental para elevar a capacidade teórica de uma população para entender, compreender e explicar o que se desenrola aos nossos olhos, quando assistimos a um jogo, por exemplo, da Seleção Brasileira de Futebol. A  capacidade humana de enxergar o que não se da a conhecer de imediato exige o domínio de conceitos científicos e de ferramentas de pensamento e de investigação. Compreender o que são forças internas e externas que atuam para que o movimento humano ocorra, compreender a classificação das forças, a composição de forças, a decomposição de forças, bem como, a biomecânica interna da biologia humana, o sistema esquelético, muscular, nervoso, compreender a biomecânica para melhorar as técnicas, o treinamento, a prevenção de lesões, exige que conceitos básicos sejam trabalhados com crianças desde a Educação Infantil, ao Ensino Básico – Fundamental, Médio, Profissionalizante. O que estamos propondo e experimentando em nossas investigações científicas na UFBA, a partir do Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação Física Esporte e Lazer (LEPEL/FACED/UFBA) é que a Educação Física na escola seja planejada horizontal e verticalmente, levando em consideração os ciclos de ensino-aprendizagem, e dentro deles o trato com o conhecimento clássico, a formulação de conceitos que permitem a teorização e a superação do pensamento sincrético que dificulta compreender o real concreto, para a elevação do pensamento sintético, de totalidade, o concreto no pensamento. Isto elevaria, inclusive a capacidade dos próprios repórteres esportivos explicar o que ocorre durante um jogo, para além das informações de senso comum, desprovidas de cientificidade, que eivam seus comentários esportivos.


AUTORES: Celi Nelza Zulke Taffarel ( Professora Dra. Titular UFBA), Cassia Hack (Professora Dra. Adjunta Universidade Federal do Amapa), Eliabe Figueiredo de Oliveira (Estudante de Pós-Graduação, Mestrado FACED/UFBA).
 

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