Copa do Mundo de Futebol de 2018 - O que nossas
crianças e jovens podem e devem aprender sobre "Biomecânica do Esporte "
assistindo aos jogos?
A Ciência
do Esporte nos explica que a cultura corporal, no nosso caso, o futebol, em
especial a Copa do Mundo de Futebol, é uma construção social e histórica, desenvolvidas
em dados modos de produção da vida, em especial no capitalismo, transmitida pedagogicamente
de uma geração para outra. Dentro da Ciência do Esporte encontramos a
Biomecânica do Esporte e do Exercício Físico (McGINNIS, Peter. Biomecânica do Esporte e do Exercício
Físico. Revisão Técnica: Jefferson Fagundes Loss. 3. Ed. Porto Alegre.
Artmed. 2015), que avalia, em especial,
duas dimensões do movimentar-se humano. Uma dela diz respeito às forças que
atuam no corpo humano, forças que não podem ser visualizadas de imediato, mas,
sim, os seus efeitos podem ser observados. A esta dimensão denominamos
cinética. A outra dimensão é a cinemática, que leva em conta as características
do movimento e o examina a partir de uma perspectiva espacial e temporal, sem
referencia as forças causadoras do movimento. Compreender que a cultura
corporal, em especial o futebol, é um fenômeno carregado de sentidos pessoais e
de significados sociais, e que exige de cada jogador, um conjunto de forças
geradas, durante o movimento humano, é muito importante para elevar a
capacidade teórica e o padrão cultural de crianças e jovens.
Do ponto de vista da Biomecânica Aplicada ao
Esporte, as forças que atuam para que um movimento ocorra, são importantes por,
também, serem responsáveis pela criação de todos os nossos movimentos e pela
manutenção das posições e posturas quando estamos estáticos, parados, sem
movimento. Compreender o fenômeno social mais geral, a Copa do Mundo de
Futebol, implica em conhecer a particularidade do futebol. Mas, é mais que
isto, exige compreensão da singularidade de cada atleta. E neste sentido a escola, o currículo escolar
e seu objeto de estudo, a cultura corporal é fundamental para elevar a
capacidade teórica de uma população para entender, compreender e explicar o que
se desenrola aos nossos olhos, quando assistimos a um jogo, por exemplo, da
Seleção Brasileira de Futebol. A
capacidade humana de enxergar o que não se da a conhecer de imediato
exige o domínio de conceitos científicos e de ferramentas de pensamento e de
investigação. Compreender o que são forças internas e externas que atuam para
que o movimento humano ocorra, compreender a classificação das forças, a
composição de forças, a decomposição de forças, bem como, a biomecânica interna
da biologia humana, o sistema esquelético, muscular, nervoso, compreender a
biomecânica para melhorar as técnicas, o treinamento, a prevenção de lesões, exige
que conceitos básicos sejam trabalhados com crianças desde a Educação Infantil,
ao Ensino Básico – Fundamental, Médio, Profissionalizante. O que estamos
propondo e experimentando em nossas investigações científicas na UFBA, a partir
do Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação Física Esporte e Lazer (LEPEL/FACED/UFBA) é que a Educação
Física na escola seja planejada horizontal e verticalmente, levando em
consideração os ciclos de ensino-aprendizagem, e dentro deles o trato com o
conhecimento clássico, a formulação de conceitos que permitem a teorização e a
superação do pensamento sincrético que dificulta compreender o real concreto,
para a elevação do pensamento sintético, de totalidade, o concreto no
pensamento. Isto elevaria, inclusive a capacidade dos próprios repórteres esportivos
explicar o que ocorre durante um jogo, para além das informações de senso
comum, desprovidas de cientificidade, que eivam seus comentários esportivos.
AUTORES: Celi Nelza Zulke Taffarel ( Professora
Dra. Titular UFBA), Cassia Hack (Professora Dra. Adjunta Universidade Federal
do Amapa), Eliabe Figueiredo de Oliveira (Estudante de Pós-Graduação, Mestrado
FACED/UFBA).
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