Emmanuel Souza da Rocha
Representante Estudantil da Sociedade Brasileira de Biomecânica
Quando se fala em
treinamento de força já se sabe há muito tempo que o
aumento de força nas
primeiras semanas de treinamento são atribuidas a adaptações neurais. O ganho
de massa muscular (adaptação morfológica) contribui para o ganho de força
muscular, mas apenas após algumas semanas de treinamento.
Imagem meramente ilustrativa |
Profissionais de
educação física e fisioterapia utilizam diversos tipos de exercícios e
estimulos para levar ao ganho de força muscular, entretanto independente do
tipo de estímulo utilizado nas sessões de treinamento resistido, a condição
inicial tem um papel importante na taxa de progresso. A magnitude de ganhos de
força depois de um dado período de treinamento difere entre aqueles indivíduos
que são treinados com os que não são treinados. Aparentemente sujeitos que não
são treinados têm maiores taxas de ganhos de força.
Sabendo disso um
músculo, então, destreinado (ou “não treinado”) tem mais ganho de força
comparado a um músculo treinado, com isso podemos assumir que assimetrias entre
a perna preferida e a não preferida podem levar a diferentes adaptações ao
treinamento de resistência. Uma vez que
a perna preferida é definida como a preferida para realizar um ato motor, como
por exemplo chutar uma bola.
Um grupo de
biomecanistas brasileiros (associados da Sociedade Brasileira de Biomecânica)
publicou um recente trabalho no Journal
of Strength and Conditioning Research onde eles avaliaram a massa muscular
e a força de membros inferiores de 12 sujeitos saudáveis antes e após um
programa de treinamento de resistência isocinética de extensores de joelho. Eles encontraram que deficts na força de extensão de joelho na perna não
preferida são dependentes do tipo de contração muscular; que as assimetrias de
força não são relacionadas a diferenças na massa do quadríceps; e que o
treinamento isocinético em intesidade máxima para cada perna, resulta em forças
simetricas de extensão de joelho em um período de 4 a 8 semanas de treinamento.
Ao perguntar a um dos
autores do artigo (Prof. Bruno Baroni da UFCSPA) sobre a motivação do estudo
ele respondeu que: “Diferenças na adaptação muscular ao treinamento entre
os membros dominante e não-dominante são especuladas há várias décadas. No
entanto, observamos que haviam poucos estudos que efetivamente investigaram
esse desfecho, de modo que a maior "janela" para ganhos de força e
massa muscular do membro não-dominante (comumente defendida por especialistas
da área) ainda carecia de comprovação científica”.
Ainda para o Prof. Baroni os achados “sugerem a existência de um maior potencial
de ganhos de força para o músculo quadríceps não-dominante, o que parece
ocorrer até que a força desse grupo muscular se equilibre à força do membro
dominante. Porém, isso não parece estar relacionado a superiores ganhos de massa
do quadríceps não-dominante”. Entretanto o professor chama a atenção de que
“é importante destacar que esse
comportamento foi observado para o treinamento realizado em condições
isocinéticas, com exercício unilateral e intensidade máxima de cada um dos
membros inferiores. Nessas condições, nossos resultados sugerem que
desequilíbrios de força entre os membros inferiores de um indivíduo podem ser
"corrigidos" com algumas semanas de treinamento.”
“Tendo em vista
que o equilíbrio muscular entre os membros dominante e não-dominante é
considerado um fator de protetor contra o desenvolvimento e recidiva de algumas
lesões musculoesqueléticas, além de contribuir com o desempenho funcional
e esportivo, esses achados tornam-se relevantes para pesquisadores e profissionais
que atuam nas áreas de treinamento, prevenção e reabilitação física”, afirma o
Prof. Bruno ao responder sobre a importância do trabalho para a área.
Referência:
Título do trabalho: Are
the responses to resistance training different between the preferred and nonpreferred
limbs?
Autores: Bruno Baroni,
Rodrigo Franke, Rodrigo Rodrigues, Jeam Geremia, Helen Schimidt, Felipe Carpes
e Marco A. Vaz
Ano de publicação: 2016
Revista: Journal of
Strength and Conditioning Research
DOI:10.1519/JSC.0000000000001148
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