terça-feira, 9 de agosto de 2016

BIOMECÂNICA NOS JOGOS OLÍMPICOS | POLO AQUÁTICO

Polo aquático é o único esporte coletivo que sempre esteve presente no programa dos Jogos Olímpicos, desde a primeira edição dos Jogos da era moderna, em 1896. Cada time deve possuir 13 jogadores, sendo sete titulares e, deste, um goleiro. O jogo é disputado ao longo de quatro quartos de 8 min de duração, em piscinas com, em média, 30 m de comprimento e 20 m de largura. Com exceção do goleiro, a bola só pode ser dominada, conduzida, passada e arremessada com apenas uma mão. Cada time possui 30 s para finalizar o ataque.
No feminino, Estados Unidos, Hungria e Austrália são os historicamente favoritos. Já no masculino, Croácia, Sérvia, Hungria, Espanha, Itália, Estados Unidos e Grécia são seleções de destaque. O Brasil, principalmente no masculino, pode surpreender, a partir da evolução obtida nos últimos anos.
Por ser realizado no meio aquático, em piscinas profundas, os jogadores executam técnicas específicas de propulsão e sustentação, tanto com membros inferiores (pernada em eggbeater) quanto de membros superiores (movimentos de palmateio). Esses movimentos possibilitam a elevação do jogador na água para executar passes, arremessos, recepções, bloqueios e defesas. Eggbeater e palmateios geram propulsão a partir de coeficientes de sustentação e arrasto relacionados a fatores como ângulos de ataque e de orientação, velocidade, aceleração, comprimento de corda e área propulsiva dos segmentos.
Jogadores normalmente apresentam grande área e massa corporal, que possibilita vantagens nas disputas individuais e potência para as elevações e arremessos. O melhor desempenho, na modalidade está relacionado a parâmetros individuais de potência, velocidade, agilidade e resistência. Deste modo, a potência de membros inferiores, com correta execução da técnica de eggbeater para as elevações do corpo na água, tem sido estimada pela altura atingida pelo atleta no salto vertical executado na água. Jogadores atingem alturas relativas a 70% da estatura. Velocidade e potência dos membros superiores, definidores da velocidade da bola no arremesso, tem sido avaliados pela velocidade da bola após arremesso, que chegam a atingir valores maiores que 80 km/h. Velocidade de nado é fundamental no início de cada quarto e na disputas individuais e tem sido avaliada em testes de natação. Agilidade, relacionada às bruscas mudanças de direção, devidos às trocas de bola e de posição, tem sido avaliadas em testes específicos que levam em consideração as situações inesperadas do jogo. Por fim, a resistência tem sido avaliada em testes de natação e eggbeater.
De modo complementar, como há natação e arremessos por sobre a cabeça, desequilíbrios musculares de ombro têm sido intensamente estudados em jogadores de polo aquático.
As questões biomecânicas relacionadas ao meio (arrasto e propulsão, principalmente), aliadas às características dinâmicas de um esporte coletivo, geram desafios à biomecânica como ferramenta de análise para identificar os aspectos que visam incrementar tanto o desempenho individual, quanto o desempenho coletivo na modalidade.

Prof. Dr. Flávio Antonio de Souza Castro
Grupo de Pesquisa em Esportes Aquáticos (GPEA)
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)


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